Carta de despedida

alguns peixes que seriam almoço de uma moça na cachoeira.


É difícil, doloroso e amargo.
Isso é viver. Ou ao menos fingir que se está vivendo.

Os dias têm sido cruéis comigo ultimamente, e pra ser sincera eu nem sei o motivo. As vezes é difícil respirar, comer, falar...interagir de forma amigável com os outros. Tem sido chato agir como se essa vontade de morrer não existisse, ela só se esconde na hora que quer. Qualquer um que leia pode achar que pra mim a morte signifique morrer de fato, mas é simplesmente uma busca por renascimento. Eu me perdi e preciso me achar, afinal, tem um ano inteiro vindo aí.

Se eu pudesse me desculpar com cada um que fiz mal seria ótimo, não porque eu quero tirar o peso das costas, e sim porque, quando se fere alguém e a culpa é sua, é obrigação deixar as coisas em paz para ambas as partes.

Se eu pudesse (na verdade, sou grata por saber que posso) agradecer a todos aqueles que estiveram comigo nas horas em que mesmo sem dizer nada, estava aos prantos por dentro. É bom saber que existem pessoas assim e é melhor ainda saber que eu fui a sortuda que as encontrou.

Se eu puder me parabenizar por ser firme, agradecer por ter aguentado, e abraçar já que é o que eu preciso agora, eu o faria.

Nesse ano eu vivi, mas morri diversas vezes.
E muitas dessas vezes eu mesma me matei. Eu fiz amizades e desatei nós que antes acreditava serem laços bonitos, a vida tem dessas, não é mesmo? Eu chorei, senti raiva, fiquei triste, mas no fim das contas nunca deixei de fazer o que mais gosto: Eu ri demais. Ouvi músicas novas, aprendi novos caminhos e pra quem se perdia, andei de ônibus até demais. Foi um ano carregado de energia ruim, então mereço ao menos um tapinha nas costas por ainda conseguir enxergar coisas boas.

Por meio desta eu deixo um adeus, e é óbvio que o clima de melancolia dominou tudo o que eu escrevi até agora, mas a única despedida que faço é pra essa versão de ultimamente. Eu sei que não é fácil estar assim, mas não posso nunca mais deixar isso me dominar como tem dominado ultimamente. Eu me despeço de toda a energia ruim desses últimos dias, apesar de terem longos (ou curtos) dias até o fim do ano, isso não significa que até o último minuto de 2021 eu devo ser essa pessoa, e apesar de muito grata pelas pessoas que me ajudaram a chegar até aqui, sou extremamente grata a mim mesma, porque no individual só a gente sabe o que se passa. Que no próximo ano eu consiga voltar a ser 200% de volta, e eu sei que parece muito, mas pra quem é intenso, 100% é pouco demais.

Talvez seja confuso, mas era o que eu precisava pra conseguir dar o primeiro passo para o adeus mais sincero que já dei.

Adeus, e boas-vindas.


 

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